sábado, 3 de novembro de 2012

Apenas sorria e acene!


Eu tenho sérios problemas com desconhecidos que resolvem abrir o coração pra mim. Tipo nego que senta ao meu lado no ônibus e em menos de dez minutos se faz compreender por inteiro. Me sinto muito mais a vontade com conversas a cerca do calor excessivo, se chove ou não chove, sobre Salve Jorge ~sdds carminha~ , como ônibus é cansativo, esses assuntos para os quais não é preciso maquinar muito a cabeça pra responder. Não que eu fique tentando achar solução pra vida de quem eu acabei de reparar a existência, porque né, todo mundo que ta no ônibus já tem problemas o suficiente, se você parar pra pensar. Mas é um saco porque eu tenho que fazer uma força que não é humana pra não mandar algum comentário grotesco e foder ainda mais a vida do infeliz.
Mas como eu sou uma pessoa educada, sempre balanço a cabeça e digo: 
É complicado.
É complicado, mas não resolve em nada o  problema do fulano quando ele se expõe pra quem não dá a mínima pra ele, nesse caso, eu. Por isso quando me lembro de quinta-feira passada, quando um cara qualquer resolveu economizar com analista e me alugar o trajeto todo, eu fico um tanto orgulhosinha de mim por não ter chorado. Esse orgulho é o típico sentimento egoísta que me consola em alguns momentos. Mas me dá um desconto, afinal, nessa fatídica quinta eu só queria atravessar a rua, pegar o ônibus e ir pra casa remoendo meus problemas so-zi-nha - e seca. Só que aquele maldito carro importado fez questão de passar naquela maldita poça d’água e me molhar da cabeça aos pés! Mas o fulano nem percebeu isso, né. Que eu tava molhada e com um cheiro esquisito (meio de barro, meio de água parada com dengue). Pergunta se ele reparou...NÃO! Os problemas dele eram tão maiores que de toda população mundial, que um simples "nossa, o que aconteceu com você?" seria impossível de ser pronunciado.Pois é... E olha, ainda assim, depois de um dia de cão, que eu aposto que, metade do ônibus também teve porque é muito comum se foder nessa vida, eu não chorei. Mas a minha vontade era de desabar e chorar compulsivamente no meio da rua. Mas engoli o choro porque a última coisa que eu queria era que algum taxista viesse me consolar ou que qualquer um com bom coração perguntasse se estava tudo bem, porque eu ia desatar a falar o quanto NADA estava bem. Por isso, eu não chorei. Mas o fulano chorou, caralho ele chorou e quando eu vi aquela lágrima eu quase me joguei pela janela de incêndio PORQUE NÃO É POSSÍVEL.  Olha cara, calma, não é assim, tudo se ajeita. E não fica assim, porque eu não consigo ver homem chorar, por mais que eu ache isso bem constrangedor. Quer um calmante? Relaxa. Vou abrir essa janela pro vento bagunçar ainda mais o meu cabelo escroto, mas ta meio abafado, você vai ficar melhor. E ai passou?
E foi no meio do choro compulsivo daquele cara, que eu cogitei ligar para o anúncio escrito de caneta no banco da frente que eu vejo todos os dias: “Quem precisa de amor e carinho é só me ligar. Sou moreno carinhozo” seguido do número de telefone. Porque ao contrário do que o fulano pensa, eu consigo chegar bem mais baixo que ele...
Mas dessa vez eu não vou chorar. 

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